1. Jogos Fracionários Interativos para Anos Iniciais Fundamentais Brasileiros: Transformando a Matemática em Diversão

Você já percebeu como as frações costumam ser o “bicho-papão” da matemática para muitas crianças brasileiras? Não precisa ser assim! Através da gamificação e de jogos fracionários interativos especialmente desenvolvidos para o contexto educacional brasileiro, é possível transformar completamente a experiência de aprendizagem dos pequenos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental.

Os jogos fracionários representam uma revolução silenciosa que vem acontecendo nas salas de aula mais inovadoras do Brasil. Ao contrário dos métodos tradicionais que causam muitas vezes ansiedade matemática e bloqueios cognitivos, a abordagem gamificada transforma conceitos abstratos em experiências concretas e divertidas. Este é justamente o segredo para um aprendizado efetivo e duradouro!

Segundo dados do último SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), apenas 42% dos estudantes brasileiros do 5º ano demonstram proficiência adequada em matemática. Entre os conteúdos que mais desafiam os alunos, as frações aparecem consistentemente no topo da lista. Este cenário preocupante pode ser transformado com a implementação sistemática de jogos fracionários desde os primeiros anos escolares.

Neste artigo completo, você descobrirá como os jogos interativos podem não apenas facilitar a compreensão de conceitos fracionários complexos, mas também despertar o verdadeiro prazer pela matemática. Apresentaremos soluções práticas, testadas e aprovadas por educadores brasileiros, que podem ser implementadas tanto em sala de aula quanto no ambiente doméstico, independentemente do contexto socioeconômico.

Preparamos um guia definitivo com jogos digitais gratuitos, materiais manipuláveis de baixo custo, estratégias pedagógicas alinhadas à BNCC e estudos de caso inspiradores que comprovam: quando a matemática se torna uma brincadeira, o aprendizado acontece naturalmente!

Seja você um professor em busca de renovar suas práticas pedagógicas, um pai preocupado com o desempenho matemático do seu filho, ou um gestor educacional interessado em elevar os índices da sua escola, este conteúdo foi cuidadosamente elaborado para oferecer soluções práticas e acessíveis para a realidade brasileira.

Vamos embarcar juntos nessa jornada de descobertas e aprendizados que podem transformar para sempre a relação das nossas crianças com as frações e com a matemática como um todo!

1. Por que a alfabetização matemática mediante jogos fracionários é fundamental para crianças dos anos iniciais

A alfabetização matemática vai muito além de simplesmente ensinar números e operações básicas. Trata-se de desenvolver uma verdadeira fluência na linguagem matemática, permitindo que as crianças compreendam, interpretem e apliquem conceitos matemáticos em situações cotidianas. E quando falamos especificamente sobre frações, estamos abordando um dos pilares mais importantes para todo o desenvolvimento matemático futuro dos estudantes brasileiros.

As frações representam um dos primeiros contatos das crianças com a matemática abstrata. É justamente neste momento que muitos estudantes começam a desenvolver bloqueios e dificuldades que podem persistir por toda a vida escolar. É por isso que a abordagem lúdica, mediante jogos fracionários interativos, tem se mostrado tão revolucionária no contexto educacional brasileiro.

Segundo pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP), crianças que aprendem conceitos fracionários por meio de jogos e atividades lúdicas têm 67% mais chances de desenvolverem uma relação positiva com a matemática ao longo da vida escolar. Este dado impressionante revela como a metodologia de ensino pode impactar profundamente não apenas o aprendizado imediato, mas também a trajetória acadêmica futura dos estudantes.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece essa importância ao estabelecer que, já no 3º ano do ensino fundamental, os estudantes devem “resolver e elaborar problemas de divisão de um número natural por outro (até 10), com resto zero e com resto diferente de zero, com os significados de repartição equitativa e de medida, por meio de estratégias e registros pessoais”. Este é exatamente o momento propício para a introdução dos jogos fracionários!

Os jogos fracionários interativos transformam conceitos abstratos em experiências concretas. Quando uma criança manipula peças físicas representando frações, visualiza representações coloridas em um aplicativo, ou participa de uma competição amigável envolvendo equivalência de frações, ela está construindo conexões neurais poderosas que facilitarão a compreensão de conceitos matemáticos mais complexos no futuro.

O neurocientista Dr. Paulo Freitas, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que “o cérebro infantil em desenvolvimento cria associações mais duradouras quando o aprendizado acontece em um contexto de prazer e descoberta”. Em outras palavras, quando as crianças se divertem aprendendo frações, elas literalmente estão construindo estruturas cerebrais mais eficientes para o raciocínio matemático.

Além disso, a gamificação do ensino de frações traz benefícios que vão além do conteúdo matemático em si. Ela promove o desenvolvimento de habilidades socioemocionais fundamentais para o século XXI, como:

  • Perseverança diante de desafios
  • Trabalho em equipe (em jogos colaborativos)
  • Raciocínio estratégico
  • Autoconfiança matemática
  • Capacidade de lidar com erros de forma construtiva

A dificuldade na compreensão de frações e seus impactos no desenvolvimento matemático futuro

As frações representam um verdadeiro divisor de águas na jornada matemática dos estudantes brasileiros. Conforme o relatório “Matemática em Foco”, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), aproximadamente 73% dos professores dos anos iniciais relatam que o ensino de frações é um dos maiores desafios dentro do currículo matemático.

Mas por que este conteúdo específico gera tantas dificuldades? A resposta está na natureza abstrata das frações, que exige um salto cognitivo significativo dos estudantes. Diferentemente dos números inteiros, que podem ser facilmente contados e visualizados, as frações introduzem o conceito de partes de um todo, uma ideia que pode parecer contraintuitiva para mentes em desenvolvimento.

Principais obstáculos enfrentados por alunos brasileiros no aprendizado de frações

Os estudantes brasileiros enfrentam desafios específicos quando se trata do aprendizado de frações, muitos deles relacionados à realidade educacional do país. Entre os principais obstáculos, podemos destacar:

Dificuldade de abstração: Muitas crianças têm dificuldade em visualizar mentalmente as frações sem suporte concreto. Quando o ensino é puramente teórico, sem elementos visuais ou manipuláveis, a taxa de compreensão cai drasticamente.

Confusão entre numerador e denominador: É comum que os estudantes invertam os papéis do numerador e denominador, especialmente quando precisam realizar operações. Esta confusão básica compromete todo o desenvolvimento subsequente.

Ausência de conexão com a vida real: Quando o ensino de frações acontece de forma descontextualizada, sem relação com situações cotidianas brasileiras (como receitas de brigadeiro, divisão de pizza ou repartição de chocolates), os estudantes não percebem a relevância do aprendizado.

Metodologias ultrapassadas: Infelizmente, muitas escolas brasileiras ainda utilizam métodos mecânicos e repetitivos para o ensino de frações, baseados principalmente na memorização de regras sem compreensão efetiva.

Ansiedade matemática: Já estabelecida como um fenômeno real no cenário educacional, a ansiedade matemática pode bloquear completamente a capacidade cognitiva dos estudantes quando confrontados com problemas fracionários.

Um estudo realizado pela Fundação Carlos Chagas com 2.500 estudantes do 4º e 5º anos em escolas públicas brasileiras revelou que apenas 31% dos alunos conseguiam resolver com sucesso problemas envolvendo operações com frações simples. Este dado alarmante evidencia a necessidade urgente de novas abordagens pedagógicas.

Como a gamificação soluciona bloqueios cognitivos na compreensão de conceitos fracionários

A gamificação surge como uma poderosa aliada no enfrentamento desses obstáculos, oferecendo soluções práticas e eficazes que transformam os desafios em oportunidades de aprendizado significativo:

Visualização concreta: Jogos fracionários digitais e físicos proporcionam representações visuais claras e coloridas das frações, facilitando a compreensão do conceito de “partes de um todo”. Um aplicativo como “Frações do Brasil”, por exemplo, utiliza elementos da cultura brasileira para representar frações visualmente.

Feedback imediato: Diferentemente dos métodos tradicionais, onde o aluno pode passar dias praticando incorretamente até receber uma correção, os jogos oferecem feedback instantâneo, permitindo ajustes imediatos no raciocínio.

Aprendizado sem medo de errar: O ambiente de jogo dissolve a pressão associada ao erro matemático. Quando uma criança erra uma resposta em um jogo, ela simplesmente tenta novamente, sem o estigma negativo que muitas vezes acompanha os erros em sala de aula.

Progressão adaptativa: Jogos bem projetados apresentam níveis progressivos de dificuldade, respeitando o ritmo individual de cada criança e garantindo que os fundamentos estejam bem estabelecidos antes de avançar para conceitos mais complexos.

Recompensas motivacionais: Sistemas de pontuação, conquistas e recompensas mantêm o engajamento e a motivação dos estudantes, mesmo diante de conceitos desafiadores como frações equivalentes ou operações entre frações de denominadores diferentes.

A professora Dra. Mariana Oliveira, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenou um projeto-piloto em 15 escolas públicas de Belo Horizonte que introduziu jogos fracionários no currículo regular. Os resultados foram surpreendentes: após apenas um semestre, houve um aumento de 42% na taxa de acerto em problemas envolvendo frações e uma redução de 37% nos relatos de ansiedade matemática entre os estudantes.

Benefícios neurológicos e cognitivos da aprendizagem lúdica para crianças de 6 a 10 anos

A faixa etária dos 6 aos 10 anos, que corresponde aos anos iniciais do ensino fundamental no Brasil, representa uma janela de oportunidades única para o desenvolvimento cerebral. Neste período, o cérebro infantil passa por um processo intenso de formação de conexões neurais e é extremamente receptivo a estímulos que podem moldar permanentemente suas estruturas cognitivas.

Pesquisadores da área de neurociência educacional têm dedicado atenção especial à compreensão de como a ludicidade impacta o desenvolvimento cerebral nesta fase crítica. Os resultados são fascinantes e oferecem uma base científica sólida para a implementação de jogos fracionários no processo de alfabetização matemática.

A formação de conexões neurais através do aprendizado gamificado

Quando uma criança se envolve em um jogo fracionário interativo, seu cérebro ativa simultaneamente múltiplas regiões, criando o que os neurocientistas chamam de “redes neurais enriquecidas”. Este fenômeno tem implicações profundas para o aprendizado:

Ativação multissensorial: Jogos físicos que envolvem manipulação de peças estimulam o córtex sensorial, enquanto jogos digitais ativam centros visuais e auditivos. Esta ativação múltipla cria memórias mais robustas do que a simples exposição a fórmulas escritas.

Circuitos de recompensa: A sensação de conquista ao superar um desafio em um jogo libera dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à motivação. Este mecanismo cria uma associação positiva com o aprendizado matemático, contrastando com a ansiedade que muitas crianças desenvolvem em métodos tradicionais.

Mielinização acelerada: A prática repetitiva e prazerosa proporcionada pelos jogos acelera o processo de mielinização – formação da camada de mielina que reveste os neurônios – tornando as conexões neurais mais eficientes e duradouras.

Neuroplasticidade direcionada: O cérebro infantil é altamente plástico (capaz de se remodelar), e os jogos fracionários direcionam esta plasticidade para o desenvolvimento de estruturas especializadas no processamento matemático.

Uma pesquisa inovadora realizada pelo Laboratório de Neurociência Cognitiva da UNICAMP utilizou exames de ressonância magnética funcional (fMRI) para comparar a atividade cerebral de crianças aprendendo frações por métodos tradicionais versus métodos gamificados. Os resultados demonstraram que o grupo que utilizou jogos apresentou ativação significativamente maior nas regiões associadas ao processamento numérico (sulco intraparietal) e também nas áreas relacionadas à motivação e engajamento.

O neurologista pediátrico Dr. Ricardo Viana, do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica: “Quando o aprendizado matemático acontece em um contexto lúdico, vemos uma integração harmônica entre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro. O hemisfério esquerdo, tradicionalmente associado ao pensamento lógico, trabalha em conjunto com o direito, mais ligado à criatividade e visão espacial. Esta integração é o cenário ideal para a compreensão profunda de conceitos matemáticos complexos como frações.”

Desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático por meio de desafios fracionários interativos

Para além dos benefícios neurológicos, os jogos fracionários promovem o desenvolvimento estruturado de habilidades cognitivas específicas que formam a base do raciocínio lógico-matemático:

Pensamento proporcional: Jogos que envolvem comparação de frações desenvolvem naturalmente a noção de proporcionalidade, uma habilidade fundamental não apenas para a matemática avançada, mas também para o pensamento científico em geral.

Resolução estratégica de problemas: Quando uma criança precisa determinar quais peças de um dominó de frações podem ser jogadas, ela está exercitando capacidades de análise, previsão e tomada de decisão baseada em evidências.

Raciocínio dedutivo e indutivo: Jogos como “Caça às Frações Equivalentes” estimulam tanto o raciocínio dedutivo (aplicar regras gerais a casos específicos) quanto o indutivo (identificar padrões a partir de exemplos).

Flexibilidade cognitiva: A capacidade de representar o mesmo valor fracionário de diferentes formas (1/2 = 2/4 = 3/6) desenvolve a flexibilidade mental, uma habilidade cognitiva extremamente valiosa para a resolução criativa de problemas.

Metacognição: Ao refletir sobre suas próprias estratégias em jogos fracionários competitivos ou colaborativos, as crianças desenvolvem consciência sobre seus processos de pensamento, um componente essencial para o aprendizado autônomo.

Um estudo longitudinal conduzido pela Faculdade de Educação da Universidade de Brasília acompanhou por três anos estudantes que utilizaram regularmente jogos fracionários nos anos iniciais. Os resultados mostraram que, além do melhor desempenho em matemática, estas crianças apresentaram superioridade estatisticamente significativa em testes de raciocínio lógico geral e resolução de problemas, quando comparadas a grupos controle que utilizaram métodos convencionais.

A psicopedagoga Ana Cláudia Mendes, especializada em dificuldades de aprendizagem matemática, observa: “Os jogos fracionários funcionam como verdadeiros ‘ginásios cerebrais’, onde as crianças exercitam múltiplas habilidades cognitivas simultaneamente, mas sem a percepção de esforço ou sobrecarga que muitas vezes acompanha o ensino tradicional de matemática.”


Como vimos, a alfabetização matemática mediante jogos fracionários não é apenas uma abordagem divertida para tornar as aulas mais agradáveis – é uma estratégia pedagógica fundamentada em sólidas evidências científicas, que trabalha em harmonia com o desenvolvimento neurológico e cognitivo natural das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental.

No próximo tópico, vamos conhecer em detalhes os principais jogos fracionários alinhados à BNCC que estão transformando o ensino fundamental brasileiro, incluindo opções gratuitas e acessíveis para diferentes realidades educacionais do nosso país.e!

2. Principais jogos fracionários alinhados à BNCC para transformar o ensino fundamental brasileiro

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece com clareza os objetivos de aprendizagem relacionados às frações para cada ano do ensino fundamental. Por exemplo, no 4º ano, espera-se que os estudantes sejam capazes de “resolver e elaborar problemas envolvendo diferentes significados da adição e subtração de frações referentes à mesma parte de um todo, recorrendo a transformações entre as representações fracionária e decimal”.

Para atender a esses objetivos de modo eficaz e envolvente, diversos jogos fracionários têm sido desenvolvidos – alguns por iniciativas brasileiras – especificamente adaptados à nossa realidade educacional. Estes recursos podem ser categorizados em duas grandes vertentes: jogos digitais e jogos físicos/manipuláveis, cada qual com suas particularidades e benefícios.

Vamos conhecer as melhores opções disponíveis atualmente, todas alinhadas aos preceitos pedagógicos da BNCC e adaptadas ao contexto cultural brasileiro!

Jogos digitais gratuitos para ensino de frações adaptados à realidade brasileira

O acesso à tecnologia nas escolas brasileiras tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Mesmo em regiões com recursos limitados, iniciativas governamentais como o PROINFO (Programa Nacional de Tecnologia Educacional) têm levado laboratórios de informática e dispositivos móveis para escolas públicas em todo o país.

Aproveitando esta infraestrutura, diversos educadores e desenvolvedores brasileiros têm criado aplicativos e jogos digitais voltados especificamente para o ensino de frações, adaptados à nossa realidade cultural e alinhados à BNCC.

“Pizzaria das Frações”: aplicativo brasileiro para compreensão de equivalência fracionária

O aplicativo “Pizzaria das Frações” foi desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com educadores da rede pública brasileira e representa um excelente exemplo de como a tecnologia pode transformar o ensino de conceitos fracionários de forma contextualizada e divertida.

Disponível gratuitamente para sistemas Android e iOS, o jogo coloca o estudante no papel de um pizzaiolo que precisa atender os pedidos dos clientes dividindo as pizzas em partes iguais (frações) de acordo com especificações que vão se tornando progressivamente mais complexas.

Principais características educacionais:

  • Contextualização cultural: Utiliza elementos familiares da culinária brasileira, com sabores de pizza típicos de cada região do país
  • Níveis progressivos: Inicia com frações simples (1/2, 1/4) e avança gradualmente para frações equivalentes e operações mais complexas
  • Feedback visual imediato: As frações são representadas visualmente pela divisão da pizza, facilitando a compreensão intuitiva
  • Sistema de conquistas: Medalhas e troféus mantêm a motivação dos estudantes
  • Modo multijogador: Permite competições entre alunos, incentivando o engajamento

O aplicativo Pizzaria das Frações atende diretamente aos objetivos de aprendizagem da BNCC para o 3º e 4º anos, especialmente as habilidades EF03MA09 e EF04MA09, que tratam da associação de frações às ideias de partes de inteiros e de divisão.

A professora Fabíola Santos, da Escola Municipal Paulo Freire em Recife, relata que após implementar o uso sistemático deste aplicativo em suas aulas de matemática, observou um aumento de 40% na taxa de acerto em avaliações sobre equivalência de frações entre seus alunos do 4º ano.

“Quebra-Cabeça Fracionário”: game online com progressão de dificuldade alinhada ao 3º e 4º ano

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), o “Quebra-Cabeça Fracionário” é um jogo online gratuito que pode ser acessado diretamente pelo navegador, sem necessidade de instalação, facilitando seu uso em laboratórios de informática escolares com diferentes configurações.

O jogo apresenta um conceito inovador: cada fase é composta por um quebra-cabeça cuja resolução requer a correta identificação e aplicação de conceitos fracionários. A estrutura do jogo foi cuidadosamente elaborada para acompanhar a progressão de habilidades prevista na BNCC para os anos iniciais.

Diferenciais pedagógicos:

  • Interdisciplinaridade: Os quebra-cabeças formam imagens relacionadas à geografia, história e cultura brasileiras, promovendo conexões entre diferentes áreas do conhecimento
  • Adaptabilidade: O sistema identifica dificuldades específicas do estudante e oferece desafios personalizados para superá-las
  • Tutoriais integrados: Explicações claras surgem contextualmente quando o aluno comete erros, transformando-os em oportunidades de aprendizado
  • Versão para professores: Inclui painel de acompanhamento que permite ao educador visualizar o progresso individual de cada aluno
  • Acessibilidade: Desenvolvido com recursos de acessibilidade para estudantes com diferentes necessidades, incluindo suporte a leitores de tela e controle por teclado

Um aspecto particularmente interessante do “Quebra-Cabeça Fracionário” é sua abordagem gradual das operações com frações, começando pela representação visual, passando pela equivalência, até chegar às operações de adição e subtração com denominadores iguais e diferentes – exatamente a sequência recomendada pela BNCC.

O jogo está disponível no portal Matemática Divertida (matematicadivertida.edu.br) e pode ser utilizado tanto no ambiente escolar quanto como complemento para estudos em casa, uma característica especialmente valiosa para o modelo híbrido de ensino que se popularizou nos últimos anos.

Jogos físicos e materiais manipuláveis para ensino prático de frações

Apesar do avanço da tecnologia, os materiais concretos e jogos físicos mantêm seu papel fundamental no processo de alfabetização matemática, especialmente para crianças dos anos iniciais, que se beneficiam enormemente da manipulação tátil durante a construção de conceitos abstratos.

A neurociência educacional tem demonstrado que a interação sensorial múltipla (visual, tátil, cinestésica) proporciona conexões neurais mais robustas, especialmente em crianças de 6 a 10 anos, período crítico para o desenvolvimento do raciocínio matemático.

Neste contexto, vamos conhecer jogos físicos e materiais manipuláveis especialmente desenvolvidos ou adaptados para o ensino de frações no contexto brasileiro, todos alinhados às diretrizes da BNCC.

“Dominó de Frações Ilustrado”: versão adaptada com elementos do cotidiano brasileiro

O tradicional jogo de dominó ganhou uma versão especialmente desenvolvida para o ensino de frações, com ilustrações contextualizadas na realidade brasileira. Diferentemente dos dominós de frações convencionais, que apresentam apenas representações numéricas e geométricas, o “Dominó de Frações Ilustrado” incorpora elementos do cotidiano nacional.

Características diferenciadoras:

  • Contextualização cultural: Cada peça apresenta situações reais do dia a dia brasileiro (divisão de pizzas, chocolates, frutas típicas, etc.)
  • Múltiplas representações: As frações aparecem em formato numérico, pictórico e em palavras, fortalecendo diferentes formas de compreensão
  • Material durável: Produzido em MDF resistente, ideal para o uso frequente em sala de aula
  • Manual pedagógico: Acompanha guia com sugestões de atividades alinhadas à BNCC para cada ano escolar
  • Versões temáticas: Disponível em diferentes temas (alimentos, esportes, folclore brasileiro), permitindo explorar diversas áreas de interesse

O “Dominó de Frações Ilustrado” foi desenvolvido pelo Laboratório de Ensino de Matemática da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e está disponível para download gratuito em formato imprimível no portal do MEC, tornando-o acessível para escolas em todo o país, independentemente de seu orçamento.

A diretora pedagógica Marisa Oliveira, da rede municipal de São Carlos, relata: “Depois que implementamos o uso regular do Dominó de Frações Ilustrado no 4º ano, observamos que as crianças passaram a utilizar espontaneamente o vocabulário fracionário em outros contextos, demonstrando uma verdadeira apropriação do conceito, e não apenas a memorização de regras.”

“Corrida das Frações”: jogo de tabuleiro com desafios progressivos para sala de aula

Inspirado nos jogos de percurso tão populares entre as crianças brasileiras, a “Corrida das Frações” é um jogo de tabuleiro educativo que transforma o aprendizado de operações com frações em uma competição divertida e engajante.

Desenvolvido pela equipe do Programa Mais Educação em parceria com professores da rede pública, o jogo está disponível para todas as escolas participantes do programa e também pode ser baixado gratuitamente em versão para impressão no Portal do Professor do MEC.

Principais elementos pedagógicos:

  • Desafios multinível: Cartas com perguntas classificadas em três níveis de dificuldade, permitindo a participação de estudantes com diferentes níveis de conhecimento
  • Interdisciplinaridade: Tabuleiro em formato de mapa do Brasil, com casas especiais representando pontos turísticos e culturais de cada região
  • Colaboração e competição balanceadas: Formato que estimula tanto o trabalho em equipe quanto a competição saudável
  • Autocorreção: Sistema de verificação de respostas que permite aos próprios alunos confirmarem seus acertos
  • Flexibilidade: Regras adaptáveis que permitem ao professor ajustar a dinâmica conforme os objetivos específicos da aula

O jogo trabalha especificamente as habilidades EF04MA09 e EF05MA03 da BNCC, que tratam da resolução de problemas envolvendo adição e subtração de frações com denominadores iguais e diferentes, respectivamente.

Um diferencial importante da “Corrida das Frações” é sua capacidade de promover não apenas o desenvolvimento do raciocínio matemático, mas também habilidades socioemocionais como trabalho em equipe, resiliência diante de desafios e comunicação eficaz – competências explicitamente valorizadas na BNCC.

O coordenador pedagógico Carlos Eduardo Mendes, da Escola Estadual Professora Maria José em Belo Horizonte, implementou a “Corrida das Frações” como parte de um projeto de intervenção para alunos com dificuldades em matemática. Após um bimestre de uso semanal do jogo, 78% dos estudantes apresentaram avanços significativos na compreensão conceitual de frações, demonstrando que a abordagem lúdica pode ser especialmente eficaz para alunos que não respondem bem aos métodos tradicionais.


Os jogos fracionários aqui apresentados representam apenas uma amostra das numerosas opções disponíveis para educadores brasileiros. O mais importante é que todos eles compartilham características fundamentais: alinhamento com a BNCC, contextualização à realidade cultural brasileira, progressão adequada de dificuldades e, principalmente, a capacidade de transformar um conteúdo tradicionalmente desafiador em uma experiência de aprendizado prazerosa e significativa.

No próximo tópico, vamos explorar estratégias práticas para implementar esses jogos fracionários de maneira eficaz tanto no contexto escolar quanto no ambiente familiar, considerando as diferentes realidades socioeconômicas brasileiras e as particularidades do nosso sistema educacional.

3. Como implementar jogos fracionários no contexto escolar e familiar brasileiros

A implementação efetiva de jogos fracionários vai muito além da simples disponibilização desses recursos. É necessário um planejamento cuidadoso que considere as particularidades do contexto educacional brasileiro, com suas diversidades regionais, desafios de infraestrutura e diferentes realidades socioeconômicas.

Nesta seção, vamos explorar estratégias práticas e comprovadas para introduzir jogos fracionários tanto no ambiente escolar quanto no contexto familiar, maximizando seu potencial pedagógico e garantindo que todas as crianças brasileiras, independentemente de sua situação social ou geográfica, possam se beneficiar dessa abordagem inovadora.

Estratégias para professores integrarem jogos fracionários ao currículo regular

A introdução de jogos no currículo regular não deve ser vista como uma atividade isolada ou um “momento de descontração”, mas como parte integrante do processo pedagógico. Para isso, é fundamental que o professor compreenda as potencialidades de cada jogo e saiba como inseri-los no planejamento anual de forma coerente com os objetivos da BNCC.

Segundo a pesquisa “Práticas Inovadoras no Ensino de Matemática”, conduzida pela Fundação Victor Civita, professores que integram efetivamente jogos matemáticos ao currículo reportam ganhos significativos não apenas no desempenho acadêmico dos alunos, mas também em aspectos como frequência escolar, participação em aula e motivação para o estudo em casa.

Planos de aula prontos com jogos fracionários alinhados por bimestre escolar

Para facilitar a vida do professor brasileiro, que muitas vezes lida com múltiplas turmas e cargas horárias extensas, apresentamos a seguir um esquema de integração bimestral de jogos fracionários para o 4º ano do ensino fundamental, totalmente alinhado à progressão de conteúdos sugerida pela BNCC:

1º Bimestre: Introdução ao conceito de frações

  • Semanas 1-2: Jogo “Pizzaria das Frações” (modo iniciante) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 3-4: Dominó de Frações Ilustrado (versão básica) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 5-6: Atividade integradora relacionando os dois jogos – 1 aula de 50 minutos
  • Avaliação formativa baseada nas observações durante os jogos

2º Bimestre: Frações equivalentes

  • Semanas 1-2: Jogo “Quebra-Cabeça Fracionário” (níveis 1-3) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 3-4: “Pizzaria das Frações” (modo intermediário) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 5-6: Torneio interclasses usando o Dominó de Frações – 2 aulas de 50 minutos
  • Avaliação com problemas contextualizados inspirados nas situações dos jogos

3º Bimestre: Comparação de frações

  • Semanas 1-2: “Corrida das Frações” (regras básicas) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 3-4: “Quebra-Cabeça Fracionário” (níveis 4-6) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 5-6: Projeto interdisciplinar conectando frações com medidas em receitas culinárias brasileiras – 3 aulas de 50 minutos
  • Avaliação por projeto com apresentação de resultados

4º Bimestre: Operações com frações

  • Semanas 1-2: “Corrida das Frações” (regras avançadas) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 3-4: “Pizzaria das Frações” (modo avançado) – 2 aulas de 50 minutos
  • Semanas 5-6: Feira de jogos matemáticos com apresentações dos alunos para outras turmas – 4 aulas de 50 minutos
  • Avaliação final combinando observação durante os jogos e resolução de problemas contextualizados

A professora Débora Almeida, da Escola Municipal Anísio Teixeira em Salvador, que implementou um cronograma semelhante, relata: “A distribuição dos jogos ao longo do ano letivo cria um fio condutor que mantém o interesse dos alunos constantemente renovado. Eles sempre perguntam qual será o próximo jogo, demonstrando uma ansiedade positiva que raramente vemos em relação aos conteúdos matemáticos tradicionais.”

É importante ressaltar que este cronograma é flexível e deve ser adaptado à realidade específica de cada escola e turma. O essencial é manter a progressão lógica dos conceitos, começando pelas representações visuais básicas de frações e avançando gradualmente para operações mais complexas, sempre com o suporte dos jogos fracionários adequados a cada etapa.

Avaliação do progresso matemático por meio de métricas baseadas em jogos

Uma das grandes vantagens da utilização de jogos fracionários é a possibilidade de transformar o processo avaliativo, tradicionalmente tenso e estressante para muitos alunos, em um momento de demonstração natural de habilidades adquiridas.

Consoante as diretrizes pedagógicas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a avaliação formativa contínua tende a oferecer resultados mais precisos sobre o real aprendizado dos estudantes do que avaliações pontuais tradicionais.

Nesse sentido, os jogos fracionários oferecem oportunidades valiosas para avaliação autêntica em diferentes dimensões:

Registros de observação estruturada

O professor pode criar fichas de observação com indicadores específicos para cada jogo, como:

  • Compreensão do conceito de equivalência
  • Fluidez na comparação de frações
  • Precisão nas operações básicas
  • Capacidade de aplicar estratégias
  • Comunicação de raciocínio matemático

Durante as sessões de jogo, o professor circula pela sala registrando suas observações, que posteriormente comporão o perfil avaliativo de cada estudante.

Autoavaliação gamificada

Após cada ciclo de jogos, os alunos podem preencher “cartões de progresso” em formato de jogos, indicando:

  • O que aprenderam de novo
  • Quais desafios superaram
  • Quais estratégias utilizaram
  • Em que aspectos precisam melhorar

Esta prática não apenas fornece dados avaliativos valiosos, mas também desenvolve a metacognição – a capacidade de refletir sobre o próprio processo de aprendizagem.

Desafios culminantes

Ao final de cada unidade temática, pode-se propor um desafio especial que integre os conhecimentos trabalhados nos diferentes jogos. Por exemplo:

  • Criar uma variação de um jogo existente
  • Resolver um problema complexo usando conhecimentos de múltiplos jogos
  • Ensinar um jogo para alunos de outra turma, explicando os conceitos matemáticos envolvidos

O coordenador pedagógico Rafael Moreira, da rede municipal de Curitiba, implementou um sistema avaliativo baseado em jogos matemáticos e relata resultados impressionantes: “A taxa de ‘bloqueio emocional’ durante avaliações caiu drasticamente. Alunos que antes se recusavam a fazer provas por ansiedade agora demonstram seus conhecimentos de forma natural e confiante durante os jogos avaliativos.”

Guia para pais reforçarem conceitos fracionários em casa com jogos simples

O envolvimento da família no processo educacional é um fator crítico para o sucesso acadêmico, especialmente em matemática. Pesquisas da Fundação Leman indicam que estudantes cujos pais participam regularmente de atividades educativas em casa têm, em média, desempenho 35% superior em avaliações matemáticas comparados àqueles sem este suporte familiar.

Contudo, muitos pais brasileiros sentem-se inseguros para ajudar seus filhos com matemática, seja por limitações em sua própria formação escolar ou por desconhecerem abordagens atualizadas de ensino. Os jogos fracionários surgem, neste contexto, como uma ponte acessível entre família e aprendizado matemático.

Transformando receitas culinárias brasileiras em jogos matemáticos fracionários

A culinária brasileira, com sua rica diversidade regional, oferece um campo fértil para a exploração de conceitos fracionários em contextos autênticos e significativos. Além disso, cozinhar é uma atividade que naturalmente aproxima pais e filhos, criando um ambiente propício para o aprendizado lúdico.

Receita do Brigadeiro Fracionário

Este jogo culinário educativo utiliza a popular receita de brigadeiro como base para explorar frações:

Materiais necessários:

  • Ingredientes para brigadeiro (leite condensado, chocolate em pó, manteiga)
  • Xícaras e colheres medidoras
  • Cartões com frações escritas (1/2, 1/4, 3/4, etc.)
  • Tabela de conversão entre medidas

Como jogar:

  1. Misture os cartões de frações e coloque-os virados para baixo
  2. A criança sorteia um cartão que indicará quanto de cada ingrediente deverá ser utilizado (ex: 1/2 da lata de leite condensado, 3/4 da medida original de chocolate)
  3. A criança deve calcular as quantidades corretas usando as frações sorteadas
  4. Verifiquem juntos se os cálculos estão corretos antes de prosseguir
  5. Preparem o brigadeiro seguindo a receita modificada
  6. Ao finalizar, dividam os brigadeiros em porções fracionárias (1/2, 1/4, 1/8) para praticar a divisão

Este jogo culinário trabalha diversos conceitos fracionários simultaneamente: multiplicação de fração por inteiro (ajustando a receita), equivalência (nas conversões entre medidas) e divisão em partes iguais (na partilha final).

A nutricionista e educadora parental Cristina Matos, de Goiânia, recomenda: “Além do brigadeiro, receitas regionais como pamonha, cuscuz e pão de queijo são excelentes para trabalhar frações, pois possuem quantidades que podem ser facilmente manipuladas e visualizadas, tornando o conceito muito mais concreto para as crianças.”

Desafio da Pizza Fracionária Familiar

Outro jogo doméstico simples e eficaz utiliza o momento da pizza em família, tão comum nos lares brasileiros:

Materiais:

  • Uma pizza (comprada ou caseira)
  • Papel e lápis para anotações
  • Calculadora (opcional, para verificação)

Como jogar:

  1. Antes de cortar a pizza, pergunte à criança: “Em quantas fatias iguais devemos dividir esta pizza para que cada pessoa receba a mesma quantidade?”
  2. Discuta diferentes possibilidades, considerando o número de pessoas (ex: para 4 pessoas, poderia ser dividida em 4, 8 ou 12 fatias)
  3. Peça à criança que represente as frações correspondentes a cada opção (1/4, 1/8, etc.)
  4. Após decidir, a criança fica responsável por orientar o corte em partes iguais
  5. Durante a refeição, proponha desafios como: “Se você comeu 2 fatias de uma pizza com 8 pedaços, que fração da pizza você comeu?” (resposta: 2/8 ou 1/4)
  6. Explore equivalências: “2/8 é o mesmo que qual fração mais simplificada?”

A pedagoga Fernanda Rocha, especialista em educação matemática, observa: “A pizza é um recurso pedagógico perfeito para frações, pois já vem em formato circular, facilitando a visualização da divisão em partes iguais. Além disso, é um contexto afetivo e prazeroso, o que diminui a ansiedade matemática que muitas crianças desenvolvem quando o assunto é apresentado de forma tradicional.”

Momentos familiares como oportunidades para praticar frações de forma divertida

Para além da culinária, diversos momentos do cotidiano familiar podem ser transformados em oportunidades de aprendizagem fracionária sem que as crianças sequer percebam que estão “estudando matemática”.

Supermercado Fracionário

Durante as compras familiares no supermercado, os pais podem propor pequenos desafios fracionários:

  • “Precisamos de 1/2 kg de queijo. Se cada pacote tem 250g, quantos precisamos comprar?”
  • “Este chocolate está com 1/4 de desconto. Se custa R$ 8,00, qual será o valor do desconto?”
  • “Entre estas duas embalagens de sabão em pó, uma tem 1/3 a mais de produto que a outra. Qual tem melhor custo-benefício?”

Divisão Justa de Tarefas

Transforme a distribuição de tarefas domésticas em um exercício fracionário:

  1. Liste todas as tarefas da semana
  2. Proponha: “Como podemos dividir estas tarefas de forma justa entre os 4 membros da família?”
  3. Discutam conceitos como divisão igualitária (1/4 das tarefas para cada pessoa) ou proporcional (considerando idade/disponibilidade)
  4. Criem um quadro visual representando as frações de responsabilidade de cada pessoa

Tempo Fracionário

O gerenciamento do tempo pode se tornar uma excelente oportunidade para praticar frações:

  • “Temos 1 hora para fazer a lição. Se dividirmos em 4 partes iguais, quanto tempo dedicaremos a cada matéria?”
  • “Já passaram 3/4 do tempo do seu desenho favorito. Quanto tempo ainda falta?”
  • “Você já completou 2/5 do seu videogame. Quanto ainda falta para terminar?”

A psicopedagoga Luciana Vieira, que trabalha com famílias no apoio à educação domiciliar complementar, ressalta: “O mais valioso nessas abordagens cotidianas é que elas desmistificam a matemática, mostrando às crianças que as frações não são um ‘bicho de sete cabeças’, mas ferramentas úteis que usamos o tempo todo sem perceber. Quando a criança faz essa conexão, a resistência ao aprendizado formal diminui drasticamente.”


A implementação bem-sucedida de jogos fracionários, tanto no ambiente escolar quanto familiar, depende fundamentalmente de três fatores: consistência na aplicação, progressão adequada de dificuldades e contextualização significativa. Quando esses elementos estão presentes, observa-se não apenas uma melhora significativa no desempenho matemático, mas também uma transformação na relação afetiva que as crianças estabelecem com a matemática.

No próximo tópico, vamos conhecer histórias reais de sucesso: escolas brasileiras que revolucionaram seus índices de desempenho matemático através da implementação sistemática de programas baseados em jogos fracionários, com estratégias que podem ser replicadas em diferentes contextos educacionais do nosso país.

4. Estudos de caso: escolas brasileiras que revolucionaram o ensino de frações por meio de jogos

Para além das teorias e recomendações, nada mais inspirador do que conhecer exemplos reais de instituições educacionais brasileiras que transformaram seus resultados através da implementação sistemática de jogos fracionários. Nesta seção, vamos explorar dois casos emblemáticos que demonstram o potencial desta abordagem quando aplicada de forma consistente e estruturada.

Estes estudos de caso foram selecionados por representarem diferentes realidades do cenário educacional brasileiro: uma escola municipal em região periférica e um projeto estadual de larga escala. Ambos compartilham, no entanto, resultados extraordinários que podem servir de inspiração e modelo para educadores em todo o país.

Escola Municipal Paulo Freire: aumento de 43% no desempenho em matemática após implementação de programa gamificado

Localizada na periferia de Recife, a Escola Municipal Paulo Freire atendia, até 2019, uma comunidade de baixa renda com indicadores educacionais preocupantes. A escola apresentava um dos índices mais baixos de proficiência matemática na rede municipal, com apenas 27% dos alunos do 5º ano demonstrando domínio adequado dos conteúdos avaliados pelo SAEB.

A situação começou a mudar quando a coordenação pedagógica, liderada pela professora Mariana Santos, decidiu implementar um programa intensivo de alfabetização matemática baseado em jogos, com ênfase especial no ensino de frações – identificado como um dos principais “gargalos” na progressão dos estudantes.

Metodologia aplicada e materiais utilizados no projeto fracionário

O “Projeto Fração em Ação”, como foi batizado, foi estruturado em três pilares fundamentais:

1. Formação continuada dos professores

Antes de iniciar as atividades com os alunos, todos os professores do 3º ao 5º ano passaram por uma capacitação intensiva:

  • Workshop inicial de 16 horas sobre fundamentos da gamificação matemática
  • Encontros quinzenais de 2 horas para planejamento colaborativo
  • Observações de aulas entre pares com feedback estruturado
  • Círculos de estudo mensais para discussão de resultados e ajustes

A professora de matemática Luciana Oliveira relata: “A formação mudou completamente minha visão sobre o ensino de frações. Percebi que eu mesma tinha algumas lacunas conceituais preenchidas durante as oficinas práticas.”

2. Kit de materiais customizados

A escola desenvolveu, com recursos do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), um kit de jogos fracionários para cada sala de aula, contendo:

  • Conjunto de Pizzarias Fracionárias (material manipulável em EVA)
  • Dominó de Frações contextualizado com elementos regionais
  • Baralho de Equivalências Fracionárias
  • Tabuleiro da Corrida das Frações (versão ampliada para uso coletivo)
  • Tablets compartilhados com aplicativos selecionados (1 para cada 5 alunos)

Um diferencial importante foi a contextualização cultural dos materiais, que apresentavam elementos do cotidiano nordestino, como divisão de coco, tapioca e outras referências familiares para os estudantes.

3. Rotina estruturada de aplicação

O projeto estabeleceu uma rotina semanal consistente:

  • Segunda-feira: Apresentação do conceito fracionário da semana com materiais manipuláveis
  • Terça e quarta-feira: Prática com jogos físicos em grupos
  • Quinta-feira: Atividades com aplicativos nos tablets
  • Sexta-feira: “Olimpíadas das Frações” – competições amigáveis entre equipes

Além disso, foi criado o “Cantinho das Frações” em cada sala – um espaço permanente onde os alunos podiam utilizar os jogos durante momentos livres ou após concluírem outras atividades.

Depoimentos de professores e alunos sobre a transformação do aprendizado

O impacto do projeto ultrapassou as expectativas iniciais, com transformações que foram além dos números e indicadores formais.

Depoimentos de professores:

Maria Eduarda Lima, professora do 4º ano: “No início, tive receio de que os jogos ‘roubassem’ tempo do conteúdo curricular. Logo percebi que, pelo contrário, eles aceleravam o aprendizado. Conceitos que antes levavam semanas para serem compreendidos agora são assimilados em poucos dias.”

Carlos Henrique Ferreira, professor do 5º ano: “O mais impressionante foi a mudança de atitude. Alunos que demonstravam aversão à matemática agora pedem para ficar na sala durante o recreio para jogar ‘mais uma rodada’ dos jogos fracionários.”

Depoimentos de alunos:

João Pedro, 10 anos: “Antes eu não entendia nada de fração. Agora eu até ensino minha mãe quando a gente vai fazer bolo lá em casa.”

Sofia, 9 anos: “O jogo da pizzaria é o meu preferido. Eu já sei que 2/4 é igual a 1/2 sem precisar pensar muito. É como se eu visse a pizza na minha cabeça!”

Resultados quantitativos:

Após dois anos de implementação consistente do projeto, os resultados foram expressivos:

  • Aumento de 43% no índice de proficiência matemática no SAEB
  • Redução de 67% nas taxas de reprovação por dificuldades em matemática
  • Melhora de 52% nos indicadores de atitude em relação à matemática (medidos por questionários estruturados)
  • Aumento significativo na participação dos pais nas reuniões escolares (de 41% para 78%)

A diretora Fernanda Cavalcanti destaca: “O mais valioso é que conseguimos esses resultados sem custos proibitivos. Todo o investimento em materiais foi inferior a R$ 8.000, um valor perfeitamente viável para qualquer escola pública que priorize estrategicamente seus recursos do PDDE ou busque parcerias com a comunidade.”

Projeto “Matemática Divertida” da rede estadual de São Paulo: resultados surpreendentes

Em uma escala significativamente maior, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo implementou em 2018 o projeto “Matemática Divertida” em 245 escolas estaduais, atingindo aproximadamente 87.000 estudantes do 3º ao 5º ano do ensino fundamental.

O projeto nasceu da constatação, mediante avaliações diagnósticas, de que um dos principais “nós críticos” no aprendizado matemático estava na compreensão inadequada de frações, que comprometia o desenvolvimento de habilidades matemáticas mais avançadas nos anos seguintes.

Comparativo de resultados em avaliações nacionais antes e depois da implementação

O projeto “Matemática Divertida” foi meticulosamente monitorado desde sua concepção, com avaliações diagnósticas realizadas antes do início e acompanhamento sistemático ao longo de sua implementação.

Os resultados comparativos, publicados no Boletim Pedagógico da Secretaria Estadual de Educação, são contundentes:

Indicadores de desempenho (antes x depois):

IndicadorAntes (2017)Depois (2020)Variação
Índice médio no SARESP*4,86,7+39,6%
Proficiência em frações**31%63%+103,2%
Resolução de problemas38%61%+60,5%
Ansiedade matemática***72%43%-40,3%

* Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
** Percentual de estudantes com proficiência adequada ou avançada
*** Percentual de estudantes que relatam ansiedade moderada ou severa ao lidar com problemas matemáticos

O coordenador estadual do projeto, Professor Dr. Ricardo Mendes, destaca um dado particularmente significativo: “As escolas participantes do projeto ‘Matemática Divertida’ superaram em 27% o desempenho médio em matemática no IDEB em comparação com escolas similares que não participaram da iniciativa. Este dado é especialmente relevante porque mostra que o impacto positivo se estendeu para além do conteúdo específico de frações.”

Outro aspecto notável foi a redução significativa nas disparidades de gênero. Historicamente, no estado de São Paulo, meninos apresentavam desempenho superior em matemática em comparação com meninas. Após a implementação do projeto gamificado, essa diferença praticamente desapareceu, indicando que a abordagem lúdica pode ser particularmente eficaz no enfrentamento de vieses de gênero no ensino de matemática.

Como replicar o projeto em diferentes contextos educacionais brasileiros

Um dos objetivos centrais do projeto “Matemática Divertida” era desenvolver um modelo replicável que pudesse ser adaptado a diferentes realidades educacionais. Para isso, a Secretaria de Educação documentou cuidadosamente todo o processo e criou um guia detalhado para implementação, disponível gratuitamente no portal educacional do estado.

Elementos essenciais para replicação bem-sucedida:

1. Diagnóstico preciso

Antes de implementar jogos fracionários, é fundamental realizar uma avaliação diagnóstica detalhada para identificar as lacunas específicas na compreensão dos estudantes. O portal disponibiliza modelos de avaliações diagnósticas que podem ser adaptados para diferentes contextos.

2. Formação docente com prática supervisionada

A experiência paulista demonstrou que não basta distribuir jogos – é essencial que os professores vivenciem eles próprios a experiência de aprendizado gamificado. O modelo ideal inclui:

  • Formação teórica inicial (8h)
  • Experimentação prática com os jogos (8h)
  • Planejamento assistido de sequências didáticas (8h)
  • Implementação supervisionada (4 sessões de 2h ao longo do primeiro bimestre)

3. Envolvimento da gestão escolar

Escolas onde a direção e coordenação pedagógica se envolveram ativamente no projeto apresentaram resultados até 32% superiores. O guia inclui estratégias específicas para sensibilização e engajamento das equipes gestoras.

4. Adaptação ao contexto local

Um dos fatores de sucesso foi a flexibilidade para adaptar os materiais às realidades regionais. Escolas do litoral, por exemplo, utilizaram contextos relacionados à pesca, enquanto escolas em regiões agrícolas aplicaram exemplos do cotidiano rural.

5. Monitoramento contínuo com ajustes de percurso

O projeto estabeleceu ciclos curtos de avaliação (bimestrais), permitindo ajustes rápidos nas estratégias. Esta agilidade foi apontada pelos implementadores como crucial para o sucesso da iniciativa.

A Professora Dra. Carla Santana, da Universidade de São Paulo, que participou da avaliação externa do projeto, observa: “O que torna o modelo paulista tão promissor é sua escalabilidade combinada com adaptabilidade. Trata-se de um framework robusto que, ao mesmo tempo, permite customizações para diferentes contextos. Esta característica o torna potencialmente aplicável em qualquer rede de ensino brasileira.”

Para facilitar ainda mais a replicação, a Secretaria disponibilizou um kit digital completo contendo:

  • Modelos editáveis de todos os jogos fracionários utilizados
  • Sequências didáticas detalhadas
  • Vídeos demonstrativos de aplicação em sala de aula
  • Instrumentos de monitoramento e avaliação
  • Fórum online para troca de experiências entre implementadores

A supervisora pedagógica Márcia Alves, responsável pela implementação em uma região de alta vulnerabilidade social na Grande São Paulo, enfatiza: “O mais importante é começar, mesmo que em escala reduzida. Em nossa diretoria de ensino, iniciamos com apenas 5 escolas-piloto antes de expandir para todas as 43 unidades. Esta abordagem gradual permitiu ajustes importantes e construção de casos de sucesso que motivaram as demais escolas.”


Os estudos de caso apresentados demonstram que a implementação sistemática de jogos fracionários pode transformar radicalmente o ensino de matemática em diferentes contextos educacionais brasileiros. Seja em uma única escola municipal ou em uma rede estadual de grande porte, os princípios fundamentais permanecem os mesmos: formação docente adequada, materiais contextualizados, aplicação consistente e monitoramento contínuo.

No próximo tópico, vamos apresentar um guia definitivo para a seleção dos melhores jogos fracionários para cada fase do desenvolvimento infantil, considerando as diferentes necessidades e características das crianças ao longo dos anos iniciais do ensino fundamental.

5. Guia definitivo: como escolher os melhores jogos fracionários para cada fase do desenvolvimento infantil

A escolha de jogos fracionários adequados para cada etapa do desenvolvimento cognitivo infantil é fundamental para maximizar os benefícios pedagógicos dessa abordagem. Crianças em diferentes idades apresentam capacidades de abstração, coordenação motora e processamento matemático distintas, o que exige uma seleção cuidadosa e estratégica dos recursos lúdicos.

Nesta seção, apresentamos um guia abrangente para educadores e pais, baseado em pesquisas recentes em neurociência cognitiva e educação matemática, para a seleção dos jogos fracionários mais adequados para cada faixa etária dos anos iniciais do ensino fundamental brasileiro.

Jogos recomendados para introdução às frações (1º e 2º anos)

Embora o estudo formal de frações, segundo a BNCC, inicie-se tipicamente no 3º ano, especialistas em alfabetização matemática recomendam a introdução intuitiva desses conceitos já no 1º e 2º anos, por meio de experiências lúdicas que estabeleçam as bases cognitivas para a compreensão futura deste conteúdo.

A neuropsicopedagoga Dra. Clarice Mendonça, do Instituto de Desenvolvimento Cognitivo de Campinas, explica: “O cérebro infantil nos primeiros anos escolares está especialmente receptivo à formação de esquemas mentais relacionados à divisão equitativa e proporcionalidade. Jogos adequados a esta faixa etária constroem uma ‘intuição fracionária’ que facilitará enormemente a formalização desses conceitos mais adiante.”

Critérios pedagógicos para seleção de jogos adequados para iniciantes

Para crianças de 6 a 8 anos (1º e 2º anos), a seleção de jogos fracionários deve seguir critérios específicos que respeitem as características cognitivas desta fase do desenvolvimento:

Concretude visual e tátil

Nesta idade, o pensamento concreto predomina, e a abstração matemática continua em estágios iniciais de desenvolvimento. Portanto, os jogos devem oferecer:

  • Representações físicas e manipuláveis das frações
  • Cores vivas e contrastantes para diferenciar as partes fracionárias
  • Peças de tamanho adequado para a coordenação motora ainda em desenvolvimento
  • Figuras familiares do cotidiano infantil (frutas, chocolates, pizzas)

Simplicidade conceitual

Os jogos para esta faixa etária devem focar em:

  • Conceito básico de “metade” (1/2) como ponto de partida
  • Divisão equitativa em partes iguais (sem introduzir notação fracionária formal)
  • Comparações simples e visualmente óbvias (maior/menor/igual)
  • Vocabulário adequado (“metade”, “um quarto”, “partes iguais”) sem sobrecarga de termos técnicos

Engajamento lúdico prioritário

O componente lúdico deve prevalecer sobre o pedagógico explícito:

  • Regras simples que crianças de 6-8 anos possam compreender facilmente
  • Duração curta (5-15 minutos) respeitando o tempo de concentração típico da idade
  • Recompensas imediatas para manter o engajamento
  • Possibilidade de “vitória” mesmo com domínio parcial do conceito

O professor Marcelo Almeida, especialista em educação matemática nos anos iniciais da UFRJ, destaca: “Nesta fase, devemos evitar a ansiedade pelo ensino formal de frações. O objetivo é construir uma relação positiva com o conceito de divisão em partes iguais e desenvolver o vocabulário fracionário de forma natural e contextualizada.”

Top 5 jogos fracionários para crianças em fase de alfabetização matemática

Após análise de diversas opções disponíveis no mercado brasileiro e recursos gratuitos online, selecionamos os cinco jogos fracionários mais adequados para crianças em fase de alfabetização matemática (1º e 2º anos), considerando eficácia pedagógica, engajamento, durabilidade e custo-benefício:

1. Jogo da Frutinha Partida

Este jogo manipulável, desenvolvido pelo Laboratório de Matemática da UFPE, utiliza representações de frutas típicas brasileiras (laranja, maçã, melancia) feitas em EVA ou feltro que podem ser “cortadas” em diferentes frações por meio de velcro.

Por que funciona: As crianças adoram o aspecto tátil de “cortar” as frutas e depois reuni-las novamente. O jogo introduz naturalmente o vocabulário fracionário (“metade da melancia”, “um quarto da laranja”) sem forçar a notação matemática formal.

Como aplicar: Ideal para centros de aprendizagem em sala de aula ou para momentos dirigidos em pequenos grupos. O educador pode propor desafios simples: “Corte a maçã em duas partes iguais” ou “Mostre-me metade da laranja”.

Disponibilidade: Moldes gratuitos para download e instruções de montagem estão disponíveis no Portal do Professor (MEC).

2. Quebra-Cabeça das Metades

Conjunto de quebra-cabeças simples onde cada peça representa metade de uma figura. As crianças devem encontrar as metades correspondentes para completar figuras de animais, objetos e símbolos brasileiros.

Por que funciona: Trabalha intuitivamente o conceito de metade e simetria, fundamentais para a compreensão futura de frações. O formato de quebra-cabeça é familiar e atraente para esta faixa etária.

Como aplicar: Pode ser utilizado como atividade autônoma ou em pares. A progressão de dificuldade (de peças com encaixe óbvio para peças que exigem mais atenção) mantém o desafio adequado.

Disponibilidade: Comercialmente disponível em lojas de materiais pedagógicos ou facilmente confeccionável com papelão resistente e impressões.

3. Jogo do Sanduíche Maluco

Jogo de cartas onde os jogadores devem montar “sanduíches” colocando ingredientes representados nas cartas. Cada ingrediente pode aparecer em cartas que mostram o ingrediente inteiro, metade ou um quarto.

Por que funciona: Utiliza o contexto familiar e divertido de preparação de alimentos para introduzir frações. As ilustrações mostram claramente as relações fracionárias sem necessidade de explicações formais.

Como aplicar: Jogo ideal para 2-4 jogadores, funcionando bem tanto em ambiente escolar quanto familiar. Pode ser adaptado para diferentes níveis, começando apenas com “inteiro” e “metade”.

Disponibilidade: Produzido por editoras nacionais de jogos educativos ou disponível para impressão caseira em sites educacionais gratuitos.

4. App “Dividindo com os Amiguinhos”

Aplicativo gratuito desenvolvido pela UNICAMP especificamente para o público brasileiro, onde personagens infantis precisam dividir itens (bolos, pizzas, chocolates) de forma justa entre amigos.

Por que funciona: Combina o apelo da tecnologia com situações sociais significativas de partilha justa. A interface intuitiva permite que crianças ainda não alfabetizadas utilizem sem dificuldade.

Como aplicar: Ideal para uso em tablets compartilhados na sala de aula ou como recomendação para prática em casa. O app inclui sistema de progressão que se adapta ao ritmo da criança.

Disponibilidade: Gratuito nas lojas de aplicativos, com versão web também acessível em navegadores.

5. Caixas de Frações Montessorianas Adaptadas

Inspiradas no material dourado Montessori, estas caixas contêm peças de madeira que representam um inteiro e suas divisões (metades, quartos, oitavos), mas com temas brasileiros pintados nas peças (bandeira, fauna e flora nacionais).

Por que funciona: Oferece experiência sensorial rica e autocorretiva – as peças só encaixam corretamente quando representam a mesma quantidade. A abordagem Montessoriana respeita o ritmo individual da criança.

Como aplicar: Excelente para exploração livre ou orientada. Inicialmente, crianças podem apenas explorar os encaixes, progressivamente avançando para nomeação das partes (“isto é um quarto”).

Disponibilidade: Comercialmente disponível em lojas especializadas em materiais Montessori ou replicável em MDF por marcenarias escolares/projetos de artesanato.

A psicopedagoga Juliana Martins, especializada em dificuldades de aprendizagem matemática, observa: “O grande diferencial destes jogos para iniciantes é que eles não ‘ensinam frações’ no sentido tradicional – eles criam experiências onde a criança constrói intuitivamente as bases conceituais das frações, sem a pressão da formalização matemática. É como aprender a falar antes de aprender gramática.”

Jogos avançados para consolidação de conceitos fracionários (3º ao 5º ano)

A partir do 3º ano do ensino fundamental, a BNCC prevê a formalização progressiva dos conceitos fracionários. Nesta fase, os jogos assumem um papel complementar às explicações conceituais, oferecendo oportunidades de prática significativa e consolidação dos aprendizados.

O neurologista Dr. Paulo Henrique Silva, especialista em desenvolvimento cognitivo infantil, explica: “Dos 8 aos 10 anos, observamos uma explosão da capacidade de abstração matemática nas crianças. O cérebro infantil nesta fase está pronto para estabelecer conexões mais complexas entre representações concretas e simbólicas das frações.”

Jogos que trabalham operações com frações de denominadores diferentes

Um dos maiores desafios no ensino de frações é a transição das noções básicas para as operações com frações de denominadores diferentes. Jogos especificamente desenvolvidos para este objetivo podem transformar um conteúdo tradicionalmente árido em experiências engajantes e significativas.

Dominó de Frações Equivalentes

Este jogo adaptado do tradicional dominó trabalha especificamente com equivalência de frações, utilizando representações numéricas, visuais e contextuais.

Diferenciais pedagógicos:

  • As peças apresentam frações em diferentes formatos (numeral, gráfico, porcentagem)
  • Exige que o jogador identifique equivalências não triviais (2/4 = 1/2 = 3/6)
  • Progressão de dificuldade bem estruturada, começando com equivalências simples
  • Versão brasileira inclui contextos familiares (receitas regionais, artesanato local)

A professora Ana Lúcia Souza, do 4º ano da Escola Municipal de Fortaleza, relata: “O Dominó de Frações Equivalentes transformou completamente minha abordagem sobre este conteúdo. Antes, os alunos memorizavam regras sem compreensão. Agora, eles visualizam as equivalências e desenvolvem estratégias intuitivas para encontrá-las.”

Jogo da Trilha Fracionária

Jogo de tabuleiro onde os jogadores avançam casas ao resolver corretamente operações com frações de denominadores diferentes. O diferencial está no sistema de cartas com níveis progressivos de dificuldade.

Aspectos pedagógicos relevantes:

  • Sistema de dicas visuais que auxiliam na compreensão do conceito de mínimo múltiplo comum
  • Cartas-desafio divididas em três níveis: adição/subtração com mesmo denominador, comparação de frações, e operações com denominadores diferentes
  • “Atalhos” estratégicos que podem ser utilizados quando o jogador explica corretamente o raciocínio utilizado
  • Versão cooperativa onde os jogadores trabalham juntos para completar o percurso

O coordenador pedagógico Roberto Alves, que implementou o jogo em uma rede escolar de Minas Gerais, observou: “A Trilha Fracionária funciona porque transforma o erro em parte natural do processo. Quando um aluno erra uma operação, os colegas podem ajudar e todos aprendem com a situação, sem o estigma negativo que o erro costuma ter nas aulas tradicionais.”

Aplicativo “Mestres das Frações”

Desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), este app gamificado foca especificamente nas operações com frações, utilizando o contexto de uma jornada de aventuras.

Características diferenciadoras:

  • Narrativa envolvente com personagens brasileiros históricos e folclóricos
  • Sistema de scaffolding (andaimento) que oferece suporte gradualmente removido
  • Representações múltiplas simultâneas (visual, numérica e manipulável)
  • Feedback detalhado que explica os erros, transformando-os em oportunidades de aprendizado
  • Conexão com situações-problema contextualmente relevantes para diferentes regiões brasileiras

Uma pesquisa realizada com 2.500 estudantes que utilizaram o app por um semestre mostrou um aumento de 37% na taxa de acerto em problemas envolvendo operações com frações de denominadores diferentes, comparado a grupos controle que utilizaram métodos tradicionais.

Plataformas interativas que permitem o acompanhamento do progresso individual

Para alunos do 4º e 5º anos, o acompanhamento sistemático do progresso individual torna-se especialmente relevante, permitindo identificar pontos específicos de dificuldade e personalizar intervenções. Diversas plataformas digitais brasileiras oferecem essa funcionalidade com foco específico em frações.

Khan Academy Brasil – Módulo Frações

A versão brasileira da Khan Academy oferece um módulo completo sobre frações, totalmente adaptado ao currículo nacional e à progressão prevista na BNCC.

Vantagens para o contexto educacional brasileiro:

  • Conteúdo completamente em português, com exemplos contextualizados à realidade brasileira
  • Sistema de “maestria” que garante que o aluno domine completamente um conceito antes de avançar
  • Dashboard detalhado para professores, permitindo visualizar exatamente onde cada estudante encontra dificuldades
  • Compatibilidade com dispositivos de baixa performance e opção de download para uso offline
  • Integração com sistemas de gestão escolar utilizados em redes públicas brasileiras

A plataforma permite que o professor atribua “missões” personalizadas com base nas necessidades específicas de cada aluno ou grupo, facilitando a diferenciação do ensino em salas heterogêneas.

Mangahigh – Desafios Fracionários

Esta plataforma gamificada oferece desafios matemáticos em formato de jogos, com um módulo específico sobre operações com frações. A versão brasileira foi adaptada para alinhar-se à BNCC.

Destaques para educadores:

  • Jogos com mecânicas profissionais que rivalizam com jogos comerciais em termos de engajamento
  • Sistema adaptativo que ajusta automaticamente a dificuldade com base no desempenho do aluno
  • Competições entre turmas e escolas que aumentam a motivação
  • Relatórios detalhados que identificam padrões de erro e sugerem intervenções específicas
  • Material de apoio para professores com planos de aula complementares

A supervisora pedagógica Marlene Costa, que implementou a plataforma em 28 escolas municipais de Goiânia, relata: “O diferencial do Mangahigh é a capacidade de transformar a prática repetitiva, necessária para a consolidação das operações com frações, em uma experiência genuinamente divertida. Vemos alunos praticando voluntariamente fora do horário escolar, algo impensável com listas de exercícios tradicionais.”

Matific – Expedição Fracionária

Plataforma israelense com versão totalmente adaptada para o Brasil, o Matific oferece um conjunto de “episódios” interativos especificamente sobre frações, com forte embasamento na teoria construtivista.

Diferenciais pedagógicos:

  • Abordagem investigativa que incentiva a descoberta de padrões e relações
  • Progressão cuidadosamente estruturada, com mais de 80 atividades específicas sobre frações
  • Possibilidade de atribuir atividades diferenciadas para grupos com diferentes necessidades
  • Integração com avaliações formativas que podem substituir ou complementar provas tradicionais
  • Sistema de recompensas que valoriza a persistência e a superação individual

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo com escolas que adotaram a plataforma mostrou que estudantes que utilizaram o Matific por pelo menos 30 minutos semanais durante um ano letivo apresentaram ganhos 42% superiores na compreensão conceitual de frações em comparação com grupos que não tiveram acesso à plataforma.

Para escolas com recursos limitados, é importante ressaltar que tanto a Khan Academy quanto versões básicas do Mangahigh e Matific estão disponíveis gratuitamente, permitindo que educadores de qualquer contexto socioeconômico possam incorporar estas ferramentas em suas práticas pedagógicas.

A especialista em tecnologia educacional, Profa. Dra. Luciana Campos da USP, salienta: “O valor destas plataformas não está apenas nos jogos em si, mas no sistema analítico que oferece ao professor. É como ter um assistente que observa detalhadamente cada aluno e fornece dados precisos sobre suas dificuldades específicas, permitindo intervenções muito mais eficazes e personalizadas.”


A escolha adequada de jogos fracionários para cada etapa do desenvolvimento infantil potencializa significativamente a eficácia desta abordagem pedagógica. Para crianças dos anos iniciais (1º e 2º), o foco deve estar na construção intuitiva e sensorial das bases conceituais, com jogos que priorizem a manipulação concreta e o vocabulário fracionário contextualizado. Já para estudantes mais avançados (3º ao 5º), jogos que trabalham operações formais e plataformas que permitem o acompanhamento individualizado do progresso tornam-se ferramentas poderosas para a consolidação do aprendizado.

No próximo tópico, exploraremos como educadores e pais podem ir além dos jogos comerciais, criando seus próprios recursos fracionários com materiais acessíveis e sustentáveis, democratizando o acesso a esta abordagem inovadora para todas as realidades socioeconômicas brasileiras.

6. Criando seus próprios jogos fracionários com materiais acessíveis para todas as realidades brasileiras

Nem todas as escolas e famílias brasileiras têm acesso a jogos comerciais ou recursos tecnológicos avançados. No entanto, isso não deve ser um impedimento para a implementação de metodologias gamificadas no ensino de frações. A criação de jogos fracionários com materiais acessíveis, recicláveis e de baixo custo pode ser uma solução não apenas economicamente viável, mas também pedagogicamente enriquecedora.

O professor e pesquisador Dr. João Carlos Silva, da Universidade Federal do Pará, observa: “Quando professores e alunos participam da construção dos próprios jogos matemáticos, ocorre um duplo aprendizado: o conteúdo matemático em si e também o processo criativo de materialização desses conceitos, que fortalece a compreensão conceitual de forma única.”

Além do aspecto econômico e pedagógico, a produção local de jogos educativos alinha-se a valores de sustentabilidade e valorização da cultura regional, permitindo adaptações que reflitam características específicas de cada comunidade brasileira.

Tutorial passo a passo: 7 jogos fracionários que podem ser feitos com materiais recicláveis

Apresentamos a seguir sete jogos fracionários que podem ser confeccionados com materiais simples, acessíveis e muitas vezes recicláveis, encontrados em praticamente qualquer região do Brasil. Cada jogo vem acompanhado de instruções detalhadas de fabricação e aplicação pedagógica.

Lista de materiais alternativos para escolas com recursos limitados

Antes de detalhar os jogos específicos, é importante conhecer os materiais alternativos que podem substituir componentes comerciais, sem comprometer a qualidade pedagógica dos recursos:

Materiais de base para tabuleiros e cartas:

  • Papelão de caixas de cereais/sapatos (substitui o papel cartonado)
  • Bandejas de isopor limpas de supermercado (base para jogos)
  • Tecido de retalhos (alternativa durável para tabuleiros)
  • Tampinhas de garrafas PET (marcadores/peões)
  • Palitos de picolé ou churrasco (divisores/marcadores)
  • Caixas de ovos (organizadores de peças)

Materiais para visualização de frações:

  • Pratos de papel (representações circulares de frações)
  • Canudinhos coloridos cortados (unidades de medida)
  • Sementes locais como feijão e milho (contadores)
  • Garrafas PET cortadas (recipientes para medidas)
  • Barbante ou fio (para divisões de comprimento)
  • Retalhos de EVA (para frações manipuláveis)

Materiais para acabamento:

  • Cola branca diluída (verniz protetor)
  • Sobras de tinta guache ou tinta de parede
  • Revistas velhas (para recortes e colagens)
  • Sobras de papel contact ou plástico adesivo
  • Tecido TNT (base para tabuleiros de baixo custo)
  • Cascas de frutas para tintura natural (urucum, açafrão, beterraba)

A professora Marisa Gomes, da Escola Municipal Pedro Álvares Cabral em Manaus, relata: “Fizemos uma campanha de coleta de materiais recicláveis com os pais e em apenas duas semanas conseguimos material suficiente para produzir jogos para todas as 12 turmas dos anos iniciais, sem custo algum para a escola ou para as famílias.”

1. Dominó de Frações com Caixas de Leite

Materiais necessários:

  • 28 retângulos de mesmo tamanho recortados de caixas de leite limpas
  • Canetas hidrográficas ou tinta guache
  • Cola branca diluída para impermeabilizar
  • Régua e tesoura

Passo a passo:

  1. Lave bem as caixas de leite e deixe-as secar completamente
  2. Recorte 28 retângulos de aproximadamente 4×8 cm
  3. Lixe levemente o lado prateado para melhor aderência da tinta
  4. Pinte um lado de branco (lado prateado) para servir como base
  5. Divida cada retângulo ao meio com uma linha
  6. Em cada metade, desenhe uma representação fracionária: numérica (1/2) ou visual (círculo dividido ao meio)
  7. Impermeabilize as peças com cola branca diluída
  8. Deixe secar completamente

Aplicação pedagógica: Este dominó segue as regras tradicionais, mas as peças mostram frações equivalentes em diferentes representações. Por exemplo, 1/2 pode ser conectado a 2/4 ou a um círculo com metade pintada.

2. Pizzaria Fracionária de Papelão

Materiais necessários:

  • Papelão grosso de caixas
  • Compasso improvisado (lápis amarrado a um barbante)
  • Tinta guache ou retalhos coloridos de papel/tecido
  • Tesoura e cola
  • Palitos de churrasco ou régua

Passo a passo:

  1. Desenhe círculos de 20 cm de diâmetro no papelão (pizzas)
  2. Recorte no mínimo 6 círculos idênticos
  3. Divida cada círculo em partes diferentes: um inteiro, metades, terços, quartos, sextos e oitavos
  4. Recorte as fatias seguindo as divisões
  5. Pinte ou forre com papel colorido para diferenciar (cada pizza de uma cor)
  6. Reforce as bordas com fita adesiva para maior durabilidade
  7. Crie um “menu de pedidos” com cartões indicando frações

Aplicação pedagógica: As crianças assumem papéis de “pizzaiolos” e “clientes”. Os clientes fazem pedidos fracionários (“Quero 3/8 de pizza calabresa e 2/4 de pizza marguerita”) e os pizzaiolos devem separar as fatias corretas, explorando equivalências quando necessário.

3. Corrida das Frações com Tampinhas

Materiais necessários:

  • Cartolina ou tecido TNT para o tabuleiro
  • 50-60 tampinhas de garrafa PET
  • Canetas coloridas ou tinta
  • Dado comum (ou dado feito de papelão)
  • Folha de papel para tabela de conversão

Passo a passo:

  1. Crie um tabuleiro com percurso numerado de 1 a 30
  2. Marque certas casas com desafios fracionários
  3. Escreva frações nas tampinhas (pelo menos 5 de cada): 1/2, 1/3, 1/4, 1/6, 1/8, etc.
  4. Escreva também frações equivalentes nas tampinhas restantes
  5. Crie uma tabela de conversão mostrando equivalências
  6. Cada jogador escolhe um peão (tampinha de cor diferente)

Regras: Jogadores lançam o dado e avançam. Ao cair em casa de desafio, pescam uma tampinha com fração e devem encontrar uma equivalente entre as tampinhas disponíveis. Se acertar, avança casas extras.

4. Memória Fracionária de Embalagens

Materiais necessários:

  • Embalagens limpas de produtos (caixas de creme dental, sabonete, etc.)
  • Tesoura e cola
  • Régua e lápis
  • Papel ou tinta para forrar

Passo a passo:

  1. Recorte retângulos de mesmo tamanho das embalagens (24 peças)
  2. Forre um lado de todas as peças com papel da mesma cor
  3. No outro lado, crie 12 pares combinando: representação numérica da fração e sua representação visual
  4. Para maior durabilidade, cubra com cola branca diluída ou papel contact

Aplicação pedagógica: Segue as regras do jogo da memória tradicional, mas os pares são formados por uma representação numérica de fração e sua correspondente representação visual, reforçando a conexão entre diferentes formas de expressar o mesmo valor fracionário.

5. Tangram Fracionário de Bandeja de Isopor

Materiais necessários:

  • Bandejas de isopor limpas (daquelas utilizadas para embalar carnes/vegetais)
  • Tesoura ou estilete (uso adulto)
  • Régua e lápis
  • Tinta guache ou papel colorido para forrar
  • Lixa fina (opcional)

Passo a passo:

  1. Desenhe um quadrado na bandeja de isopor (tamanho sugerido: 15×15 cm)
  2. Divida o quadrado seguindo o padrão tradicional do tangram (7 peças)
  3. Recorte cuidadosamente (melhor feito por adulto)
  4. Lixe levemente as bordas para suavizar
  5. Pinte cada peça de uma cor ou revista com papel colorido
  6. Identifique cada peça com sua fração correspondente do todo (exemplo: 1/4, 1/8, etc.)

Aplicação pedagógica: Além dos desafios tradicionais do tangram (formar figuras), os alunos podem resolver problemas como: “Usando peças que somem 3/4 do tangram, forme um retângulo” ou “Quais peças você precisa para formar metade do quadrado original?”

6. Régua Fracionária de Palitos

Materiais necessários:

  • Palitos de picolé ou de churrasco
  • Fita adesiva colorida ou tinta
  • Tesoura
  • Régua
  • Caneta permanente

Passo a passo:

  1. Junte 10 palitos lado a lado, alinhados na base
  2. Una-os com fitas adesivas ou tiras de papelão e cola
  3. Marque divisões iguais no primeiro palito: meios (1/2)
  4. No segundo palito: terços (1/3)
  5. Continue com quartos, quintos, sextos, etc. até décimos
  6. Pinte cada fração com cores diferentes para fácil visualização
  7. Escreva os valores fracionários correspondentes

Aplicação pedagógica: Esta régua fracionária permite visualizar facilmente equivalências (como 2/4 = 1/2), comparar frações de denominadores diferentes e compreender visualmente a relação entre frações e decimais.

7. Bingo das Frações com Materiais Descartáveis

Materiais necessários:

  • Papelão de caixas diversas
  • Tampinhas de garrafa (marcadores)
  • Grãos de feijão ou milho (alternativa às tampinhas)
  • Canetas coloridas ou lápis
  • Sacolinhas plásticas limpas ou potes para sorteio

Passo a passo:

  1. Recorte cartelas de papelão de 15×15 cm
  2. Divida cada cartela em 16 quadrados iguais (4×4)
  3. Escreva representações fracionárias variadas em cada espaço:
    • Algumas numéricas (1/2, 3/4, etc.)
    • Outras visuais (círculos ou retângulos divididos)
    • Algumas como operações (1/4 + 1/4)
  4. Prepare fichas para sorteio com frações equivalentes às das cartelas
  5. Coloque as fichas na sacolinha ou pote para sorteio

Aplicação pedagógica: O professor/mediador sorteia uma ficha e anuncia a fração. Os jogadores marcam em suas cartelas qualquer representação equivalente à fração anunciada, trabalhando o reconhecimento de equivalências em diferentes formatos.

Modelos imprimíveis gratuitos para download: do planejamento à execução

Para facilitar ainda mais a produção de jogos fracionários de qualidade, disponibilizamos nesta seção modelos completos prontos para impressão. Estes arquivos podem ser baixados gratuitamente e utilizados tanto por escolas quanto por famílias, servindo como ponto de partida para a criação de jogos personalizados.

Acesso aos modelos:

Todos os modelos mencionados abaixo estão disponíveis para download gratuito neste link (substitua por um link real para download), nos formatos PDF (para impressão direta) e também em versões editáveis (para customização).

Modelo 1: Kit Completo Dominó de Frações

  • Peças prontas para impressão em papel cartão
  • Gabarito de respostas para o professor
  • Sugestões de variações de regras para diferentes níveis
  • Versão colorida e em preto e branco (economia de tinta)

Modelo 2: Cartas de Pizzaria Fracionária

  • Moldes de pizzas divididas em diferentes frações
  • Cartões de “pedidos” com desafios
  • Tabelas de pontuação
  • Manual do professor com sugestões de aplicação

Modelo 3: Tabuleiro da Corrida das Frações

  • Tabuleiro completo em formato A3 (pode ser impresso em duas A4)
  • Cartas de desafios fracionários em três níveis
  • Marcadores para recorte
  • Tabela de equivalências para consulta

Modelo 4: Cartelas do Bingo das Frações

  • Conjunto de 30 cartelas diferentes
  • Fichas para sorteio
  • Guia do professor com sugestões de adaptações
  • Versão simplificada para 1º e 2º anos

Modelo 5: Régua Fracionária Coletiva

  • Modelo em tamanho ampliado para demonstração em sala
  • Versão individual para cada aluno
  • Guia de atividades explorando a régua
  • Conexões com medidas do cotidiano brasileiro

Dicas para impressão econômica:

  • Utilize modo “rascunho” ou “economia” da impressora para testes
  • Imprima em preto e branco e peça aos alunos para colorir (atividade adicional)
  • Use papel mais fino para modelos que serão colados em papelão ou cartolina
  • Plastifique com papel contact as peças de uso frequente para maior durabilidade
  • Organize impressões coletivas com outros professores para diluir custos

A professora Silvana Rodrigues, de uma escola rural do interior de Goiás, compartilha sua experiência: “Mesmo com recursos limitados, conseguimos criar um acervo de jogos fracionários impressionante. Imprimimos os modelos básicos na secretaria da escola, colamos em papelão de caixas que os próprios alunos trouxeram de casa, e realizamos uma oficina de confecção com a participação dos pais. O resultado foram jogos tão bons quanto os comerciais, com o benefício adicional do envolvimento comunitário na produção.”

Envolvendo a comunidade escolar na criação de jogos matemáticos sustentáveis

A produção de jogos fracionários pode ir além de uma solução econômica para se tornar um projeto pedagógico e comunitário completo, unindo diferentes atores do ambiente escolar em torno de um objetivo comum. Esta abordagem fortalece vínculos, promove a sustentabilidade e potencializa o aprendizado em múltiplas dimensões.

O pesquisador em Educação Ambiental, Prof. Dr. Antônio Carlos Machado, da Universidade Federal do Ceará, destaca: “Quando a criação de materiais didáticos incorpora princípios de sustentabilidade e economia circular, estamos ensinando muito mais que matemática – estamos formando cidadãos conscientes de seu impacto ambiental e capazes de transformar problemas em soluções criativas.”

Como organizar oficinas de criação de jogos fracionários para pais e professores

As oficinas de criação são eventos estruturados que reúnem pais, professores e, em alguns casos, alunos mais velhos, para a produção coletiva de jogos educativos. Quando bem planejadas, estas oficinas fortalecem a relação escola-família e multiplicam o acervo de recursos pedagógicos disponíveis.

Planejamento da oficina:

1. Preparação logística

  • Defina data em horário acessível para pais que trabalham (considere um sábado)
  • Organize o espaço com mesas amplas para trabalho em grupo
  • Prepare kits básicos de ferramentas compartilhadas (tesouras, réguas, etc.)
  • Solicite com antecedência doações de materiais recicláveis específicos

2. Estrutura do evento

  • Início (30 min): Explicação teórica sobre a importância das frações e demonstração de jogos
  • Divisão em estações (2h): Cada grupo produz um tipo diferente de jogo
  • Rodízio opcional: Grupos podem alternar entre estações para produzir diferentes jogos
  • Encerramento (30 min): Apresentação dos jogos criados e breve capacitação para uso

3. Documentação e multiplicação

  • Fotografe o passo a passo para criar um manual digital
  • Grave depoimentos dos participantes sobre a experiência
  • Crie um arquivo compartilhado com os modelos utilizados
  • Designe “multiplicadores” que poderão orientar novas oficinas

A coordenadora pedagógica Lúcia Mendes, que implementou oficinas mensais em sua escola em Curitiba, relata: “As oficinas de jogos matemáticos se tornaram tão populares que agora temos lista de espera de pais querendo participar. O que começou como uma solução econômica virou um evento de integração comunitária que fortaleceu tremendamente o vínculo escola-família.”

Estratégias para engajamento parental:

  • Comunicação inclusiva: Utilize linguagem acessível nos convites, evitando termos técnicos que possam intimidar pais com menor escolaridade
  • Valorização de saberes: Destaque que habilidades como costura, artesanato e marcenaria são valiosas para a produção de jogos
  • Flexibilidade participativa: Ofereça diferentes níveis de envolvimento (trazer materiais, produzir em casa, participar presencialmente)
  • Reconhecimento: Crie etiquetas para os jogos identificando os pais/familiares que os produziram
  • Retorno tangível: Garanta que cada família participante leve para casa pelo menos um jogo produzido

A experiência da Escola Municipal João Guimarães Rosa, em Belo Horizonte, demonstra o potencial transformador destas oficinas: “Começamos com apenas 6 pais na primeira oficina. Na sexta edição, tínhamos 78 participantes, incluindo avós, tios e até vizinhos dos alunos. O impacto foi tão positivo que outras escolas da região adotaram o modelo.”

Feira de jogos matemáticos: incentivando o protagonismo dos alunos na criação

Levar os próprios estudantes a criarem jogos fracionários representa um salto qualitativo no processo de aprendizagem. Quando a criança passa de usuária para criadora de jogos educativos, ela aprofunda sua compreensão conceitual e desenvolve habilidades criativas, técnicas e comunicativas.

A culminância deste processo pode ser uma Feira de Jogos Matemáticos, evento onde os estudantes apresentam suas criações para a comunidade escolar.

Etapas para organização da feira:

1. Preparação em sala de aula (4-6 semanas antes)

  • Apresentação do projeto aos alunos
  • Formação de equipes (3-5 alunos por grupo)
  • Aulas dedicadas à criação conceitual dos jogos
  • Orientação técnica para produção com materiais acessíveis
  • Testes e refinamentos dos protótipos

2. Produção dos materiais (2-3 semanas antes)

  • Aulas práticas para confecção física dos jogos
  • Criação de manuais de instrução pelos próprios alunos
  • Elaboração de cartazes explicativos
  • Ensaios de apresentação e demonstração

3. Organização do evento

  • Montagem de stands (podem ser simples mesas identificadas)
  • Escala de apresentações (cada grupo deve ter tempo para também visitar outros stands)
  • Área de “teste livre” onde visitantes podem experimentar os jogos
  • Sistema de votação para “jogo mais criativo”, “mais educativo”, etc.

4. Legado e continuidade

  • Catalogação dos jogos produzidos para a ludoteca da escola
  • Documentação digital do processo (vídeos, fotos, tutoriais)
  • Empréstimo rotativo dos jogos para uso familiar
  • Expansão do projeto para outras áreas da matemática

A professora Claudia Ferreira, do 5º ano da Escola Estadual Castro Alves em Salvador, compartilha: “A Feira de Jogos Matemáticos transformou completamente a relação dos meus alunos com as frações. Antes vistos como um conteúdo ‘chato’, as frações se tornaram um desafio criativo. O nível de sofisticação dos jogos criados pelos próprios estudantes surpreendeu até mesmo os professores de matemática dos anos finais!”

Benefícios pedagógicos do protagonismo estudantil:

  • Aprendizagem profunda: Para criar um jogo, o aluno precisa compreender o conceito em múltiplos níveis
  • Metacognição: O estudante reflete sobre os próprios processos de aprendizagem ao decidir como ensinar através do jogo
  • Habilidades do século XXI: Desenvolvimento de criatividade, colaboração, comunicação e pensamento crítico
  • Autoeficácia matemática: Aumento da confiança em suas capacidades matemáticas
  • Inclusão de diferentes perfis: Valorização de habilidades diversas (artísticas, organizacionais, comunicativas)

Um estudo conduzido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia com 12 escolas que implementaram feiras de jogos matemáticos indicou um aumento de 37% na autoconfiança matemática dos estudantes e uma redução de 42% nos relatos de “ansiedade matemática”, quando comparado a turmas que não participaram do projeto.

A diretora escolar Ana Paula Cardoso, após implementar três edições anuais da feira em sua escola no interior de Pernambuco, observa: “O impacto mais significativo que percebemos foi a mudança na cultura escolar em relação à matemática. O que antes era visto como uma disciplina ‘para poucos’ se tornou um campo de expressão criativa acessível a todos. Vimos alunos que tradicionalmente apresentavam dificuldades se destacarem na criação de jogos extremamente engenhosos e eficazes pedagogicamente.”


A criação de jogos fracionários com materiais acessíveis e sustentáveis representa não apenas uma solução econômica para a implementação da gamificação no ensino de matemática, mas também uma oportunidade pedagógica valiosa em si. Ao envolver toda a comunidade escolar neste processo criativo, transformamos o desafio da escassez de recursos em uma vantagem pedagógica que promove protagonismo, sustentabilidade e estreitamento dos laços entre escola e família.

Na próxima e última seção deste artigo, exploraremos as tendências futuras na alfabetização matemática gamificada, incluindo as novas fronteiras tecnológicas que começam a se tornar acessíveis para as escolas brasileiras e o papel fundamental do educador como mediador entre jogos e aprendizado significativo.

7. Conclusão: O futuro da alfabetização matemática passa pela gamificação do ensino de frações

Ao longo deste artigo, exploramos como os jogos fracionários interativos estão revolucionando o ensino de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental brasileiro. Vimos exemplos concretos, estratégias de implementação, estudos de caso inspiradores e opções acessíveis para diferentes realidades educacionais. Agora, é momento de olharmos para o horizonte: quais são as tendências emergentes neste campo e como educadores podem se preparar para um futuro onde a gamificação se tornará cada vez mais central no processo de alfabetização matemática?

Tendências inovadoras na integração de jogos fracionários à realidade aumentada e inteligência artificial

A convergência entre gamificação educacional e tecnologias emergentes como realidade aumentada (RA), realidade virtual (RV) e inteligência artificial (IA) está criando possibilidades até recentemente inimagináveis para o ensino de frações. Embora ainda não sejam realidade na maioria das escolas brasileiras, estas tecnologias estão se tornando progressivamente mais acessíveis e prometem transformar radicalmente a experiência de aprendizagem matemática na próxima década.

Projetos brasileiros de inovação tecnológica para o ensino de frações

Felizmente, diversas instituições brasileiras estão na vanguarda do desenvolvimento de soluções tecnológicas adaptadas à nossa realidade educacional. Estes projetos combinam inovação com viabilidade de implementação no contexto nacional, considerando limitações de infraestrutura e especificidades culturais.

Projeto FracionAR (USP/UNICAMP)

Uma colaboração entre pesquisadores da USP e UNICAMP resultou no desenvolvimento do FracionAR, aplicativo gratuito de realidade aumentada que transforma qualquer superfície plana em um ambiente interativo para exploração de conceitos fracionários.

Utilizando a câmera de um smartphone ou tablet comum, o aplicativo projeta objetos virtuais tridimensionais (pizzas, chocolates, figuras geométricas) que podem ser manipulados pelos estudantes por meio de movimentos naturais. A grande inovação é a acessibilidade: o sistema funciona em dispositivos simples, sem necessidade de equipamentos especiais, e opera offline após o download inicial.

A Profa. Dra. Cláudia Vieira, coordenadora do projeto, explica: “Desenvolvemos o FracionAR especificamente pensando na realidade das escolas públicas brasileiras. Um único tablet ou mesmo o celular do professor já permite implementar atividades em grupo. O design é intuitivo o suficiente para que professores sem formação tecnológica específica possam utilizá-lo após um breve tutorial.”

O sistema já foi testado em 47 escolas públicas em diferentes regiões do país, com resultados promissores: estudantes que utilizaram o aplicativo por pelo menos 30 minutos semanais durante um semestre apresentaram ganho de 28% na compreensão conceitual de frações em comparação com grupos controle.

Plataforma Matema (Instituto Tecnológico de Pernambuco)

Outro projeto inovador é a plataforma Matema, desenvolvida pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. Trata-se de um sistema de jogos adaptativos que utiliza inteligência artificial para personalizar desafios fracionários segundo o perfil de aprendizagem de cada estudante.

O diferencial da Matema é sua capacidade de operar em modo “baixa conectividade”, adaptando-se automaticamente à qualidade da internet disponível. Em escolas com conexão estável, o sistema funciona na nuvem; em locais com conectividade limitada, uma versão simplificada opera localmente, sincronizando dados quando possível.

Entre suas funcionalidades inovadoras destacam-se:

  • IA pedagógica: Algoritmo que identifica padrões de erro específicos e sugere intervenções personalizadas
  • Tutor virtual: Avatar customizável que acompanha o estudante, oferecendo dicas contextualizadas
  • Progressão adaptativa: Dificuldade e tipo de desafio ajustados em tempo real conforme desempenho
  • Mapeamento conceitual: Visualização gráfica das conexões entre diferentes aspectos do conhecimento fracionário

“A plataforma consegue identificar com precisão se o aluno está com dificuldades específicas na equivalência, na comparação ou nas operações com frações, ajustando os desafios para fortalecer exatamente os pontos que precisam de mais atenção”, explica Ricardo Mendonça, desenvolvedor-chefe do projeto.

Como preparar os estudantes para um futuro matemático mais interativo e prático

Mesmo que sua escola ainda não tenha acesso às tecnologias mais avançadas, educadores podem começar a preparar os estudantes para um futuro onde a interatividade e a aplicação prática serão centrais na alfabetização matemática. Esta preparação envolve tanto aspectos atitudinais quanto o desenvolvimento de habilidades específicas.

Cultivando a mentalidade matemática do futuro:

  • Resolução criativa de problemas: Encorajar múltiplas abordagens para o mesmo problema fracionário, valorizando caminhos não convencionais
  • Aprendizado autônomo: Desenvolver gradualmente a capacidade de buscar recursos e estratégias independentemente
  • Conforto com a tecnologia: Introduzir progressivamente ferramentas digitais, mesmo as mais básicas, como complemento aos materiais concretos
  • Pensamento computacional: Incorporar elementos de lógica algorítmica em atividades mesmo sem computadores (ex: sequências lógicas com materiais manipuláveis)
  • Colaboração digital: Promover projetos em grupo que envolvam documentação e compartilhamento digital do processo

O professor João Carlos Silva, da rede municipal de Curitiba, implementou o que chama de “estações do futuro” em sua sala de aula regular: “Mesmo com recursos limitados, criamos um rodízio semanal onde os alunos passam por diferentes modalidades de aprendizagem fracionária – desde o totalmente concreto até o digital, utilizando os poucos tablets disponíveis. O objetivo é que desenvolvam fluência em múltiplos ambientes de aprendizagem.”

Habilidades fundamentais para a alfabetização matemática do futuro:

  • Visualização espacial: Capacidade de manipular mentalmente formas e suas divisões fracionárias
  • Transferência contextual: Aplicar conhecimentos fracionários em situações novas e interdisciplinares
  • Interpretação de dados: Compreender representações visuais de informações quantitativas
  • Comunicação matemática: Explicar verbalmente e por escrito raciocínios envolvendo frações
  • Autorregulação: Monitorar o próprio progresso e identificar áreas que precisam de reforço

A coordenadora pedagógica Teresa Cristina Alves, que implementou um programa de preparação para o futuro matemático em escolas públicas de Fortaleza, observa: “Não se trata apenas de antecipar conteúdos, mas de desenvolver uma relação diferente com a matemática. Queremos que nossos alunos vejam frações e outros conceitos matemáticos como ferramentas úteis para resolver problemas reais, não como fórmulas abstratas para memorizar e reproduzir em provas.”

O papel transformador do educador na mediação entre jogos fracionários e aprendizado significativo

Por mais avançadas que sejam as tecnologias e os jogos disponíveis, o elemento mais importante na transformação do ensino de frações continua sendo o educador. É ele quem estabelece a ponte entre a experiência lúdica e a construção de conhecimento matemático estruturado, garantindo que o encantamento do jogo se traduza em aprendizado efetivo.

A pesquisadora Dra. Renata Carvalho, da Faculdade de Educação da UFMG, afirma: “Os melhores resultados que observamos em nossa pesquisa longitudinal sobre jogos fracionários ocorreram em contextos onde o professor assumiu plenamente seu papel mediador, intervindo no momento certo, fazendo as perguntas certas e estabelecendo conexões explícitas entre o jogo e o conhecimento formal.”

Formação continuada para educadores na área de matemática gamificada

Para assumir com segurança o papel de mediador entre jogos e aprendizado matemático significativo, muitos educadores precisam de formação específica. Felizmente, diversas iniciativas de formação continuada têm surgido para atender a esta demanda crescente.

Modalidades de formação disponíveis:

  • Cursos online autogeridos: Plataformas como AVAMEC (MEC) e Escolas Conectadas oferecem módulos específicos sobre gamificação do ensino de frações, com certificação oficial e compatíveis com progressão funcional
  • Comunidades de prática virtuais: Grupos como “Matemática Divertida” e “Professores Gamificadores” no Facebook e Telegram permitem troca de experiências e materiais entre educadores de todo o país
  • Workshops presenciais itinerantes: Iniciativas como o “Matemática em Jogo” do Instituto Ayrton Senna levam formação prática para regiões remotas
  • Pós-graduação lato sensu: Diversas instituições já oferecem especializações com foco em gamificação matemática, muitas em formato híbrido ou a distância
  • Programas de mentoria: Conexão entre professores experientes e iniciantes para acompanhamento personalizado na implementação de práticas gamificadas

O professor Carlos Eduardo Mendes, que coordena um programa de formação continuada em Salvador, destaca: “Notamos que os educadores precisam vivenciar a experiência de aprendizado gamificado como estudantes antes de implementá-la como professores. Por isso, nossos programas começam sempre com os educadores jogando e depois refletindo sobre sua própria experiência de aprendizagem.”

Competências essenciais a desenvolver:

  • Curadoria de jogos: Capacidade de selecionar recursos adequados para objetivos pedagógicos específicos
  • Mediação estratégica: Saber quando e como intervir durante a experiência de jogo
  • Avaliação formativa: Utilizar observações durante jogos para diagnosticar compreensões e dificuldades
  • Adaptação contextual: Modificar jogos para atender necessidades específicas da turma ou contexto cultural
  • Metacognição induzida: Conduzir reflexões pós-jogo que consolidem as aprendizagens

Recursos gratuitos para desenvolvimento profissional em alfabetização matemática

Para educadores que desejam iniciar ou aprofundar sua jornada na gamificação do ensino de frações, existe uma variedade de recursos gratuitos e de alta qualidade disponíveis em português.

Plataformas de conteúdo formativo:

  • Nova Escola Digital: Seção específica sobre ensino de frações com planos de aula gamificados, vídeos demonstrativos e materiais imprimíveis
  • PORVIR: Reportagens, estudos de caso e webinários sobre práticas inovadoras em alfabetização matemática
  • MEC – Recursos Educacionais Abertos: Repositório com jogos, sequências didáticas e materiais de formação sobre frações
  • Canal Matemática Divertida (YouTube): Vídeos tutoriais sobre criação e aplicação de jogos fracionários
  • Escolas Conectadas – Fundação Telefônica: Curso completo gratuito sobre gamificação no ensino de matemática

Comunidades profissionais:

  • Matemática em Rede: Comunidade virtual de professores de matemática com fóruns temáticos e compartilhamento de recursos
  • Grupo Gestar Matemática: Encontros virtuais mensais abertos a educadores de todo o país
  • Movimento Matemática Para Todos: Iniciativa que conecta professores interessados em metodologias inovadoras

A professora Mariana Oliveira, que transformou sua prática através de recursos gratuitos, compartilha: “Comecei apenas acompanhando um grupo no Facebook e, em menos de um ano, revolucionei completamente minha abordagem para o ensino de frações. O mais impressionante é que não precisei de investimentos financeiros significativos, apenas dedicação para estudar e experimentar os recursos disponíveis gratuitamente.”


Concluímos este artigo com a certeza de que a gamificação do ensino de frações não é apenas uma tendência passageira, mas um caminho necessário para uma alfabetização matemática efetiva e prazerosa. Os jogos fracionários interativos, sejam eles digitais avançados ou criações artesanais com materiais recicláveis, têm o poder de transformar um dos conteúdos tradicionalmente mais desafiadores do currículo em uma jornada de descobertas empolgantes.

Como vimos por meio dos estudos de caso, depoimentos e pesquisas apresentados, os benefícios desta abordagem vão muito além da simples memorização de regras. Quando implementada adequadamente, a gamificação do ensino de frações desenvolve o raciocínio lógico, a visualização espacial, a comunicação matemática e, principalmente, uma relação positiva e confiante com a matemática que acompanhará o estudante por toda sua trajetória acadêmica.

O convite que deixamos é para que cada educador, pai ou gestor educacional que nos leu até aqui dê o primeiro passo, mesmo que modesto, na direção desta transformação. Seja introduzindo um jogo simples na próxima aula sobre frações, organizando uma oficina de criação de materiais com a comunidade escolar ou investindo em sua própria formação continuada nesta área, cada iniciativa conta.

A matemática que tememos é aquela que nos foi apresentada de forma desconectada e abstrata. A matemática que nossos estudantes merecem é viva, contextualizada e, sim, divertida. Através dos jogos fracionários interativos, podemos finalmente construir uma ponte entre estas duas realidades, transformando o “bicho-papão” das frações em um fascinante universo de descobertas ao alcance de todas as crianças brasileiras.